Apoio às jovens mães
“Muitas
jovens escondem a gravidez por muito tempo e não fazem pré-natal.
Outras se sentem abandonadas pelo pai da criança, que às vezes não
assume o filho. A jovem fica perdida e acha que a vida acabou”, avalia
Danielle.
Essas
foram as sensações experimentadas por Daniele dos Santos Alves, de João
Pessoa (PB), ao descobrir que estava grávida. Na época, faltava pouco
tempo para ela completar 16 anos de idade e a gravidez não estava nos
seus planos. “Eu não sabia o que fazer da minha vida, nunca tive
orientação da minha mãe. Sempre morei com o meu pai. Eu buscava conforto
nas drogas, costumava usar maconha, cocaína e cigarro com o pai do meu
filho”, relembra.
A
falta de recursos financeiros também assombrava Daniele. “Eu não
trabalhava, não tinha como me sustentar e me sentia discriminada pelas
pessoas por ser jovem e estar grávida”, diz.
Os
rumos da história dela só começaram a mudar no quarto mês de gestação,
após um convite para participar do projeto T-Amar. “Um dia fui convidada
a participar do T-Amar e tive curiosidade de ir. Lá, recebi o carinho e
a atenção como se fosse da mãe que eu nunca tive. As voluntárias me
explicaram a importância de fazer o pré-natal direitinho. Também
participei de palestras com a assistente social, tomei ciência do risco
das drogas e aprendi sobre métodos contraceptivos”, explica.
Com
o apoio do projeto, Daniele conta que conseguiu abandonar de vez os
vícios e passou a ter mais cuidado com a saúde dela e do bebê. O
resultado foi uma gravidez saudável. “Se eu não tivesse passado pelo
T-Amar sabe-se lá se meu filho estaria vivo. Aprendi a me valorizar e a
valorizar meu filho. Agora, quero voltar a estudar e conseguir um
emprego”, destaca a jovem, que hoje tem 17 anos.
“Com
o projeto T-Amar temos levado apoio, conscientização e acima de tudo a
fé que transforma! Se antes a jovem mãe era insegura, carente e perdida,
hoje ela se descobre uma jovem decidida, forte e que sabe o que quer. O
filho inesperado já veio, agora não adianta se lamentar, culpar ou
desprezar a criança; é hora de assumir suas responsabilidades, levantar a
cabeça, seguir em frente e não cair mais no mesmo erro”, conclui a
coordenadora nacional do projeto, Danielle Carotti.
Em uma tarde de domingo o grupo T-Amar do Godllywood fizeram uma vista para as internas da Fundação CASA.
Foram feitas palestras em três unidades e um atendimento na Casa das Mães.
Uma
porta pesada de ferro se abre. Um guarda, um detector de metais e uma
cabine blindada aparecem. Mais alguns passos, e o barulho da porta se
fechando identifica que daquele lugar não entra e sai quem quer. Um
caminho de concreto, mais algumas portas, mais um ou dois guardas, mais
um portão fechado. Através das grades é possível ouvir bebês e vozes de
adolescentes. Lá, o clima tenso desaparece e, às vezes, dá para esquecer
que se está em uma Unidade Feminina de Internação Provisória (UIP) da
Fundação Casa, ex-Febem. Em poucos metros quadrados funciona a Casa das
Mães, que separa adolescentes grávidas e com bebês das outras internas.
Ao todo, a unidade abriga 118 meninas de 12 a 20 anos incompletos, e o
tempo médio de internação é de 1 ano e meio. No momento da visita,
algumas meninas pintavam quadros, outras faziam pães e doces em uma
grande cozinha. ” Até março de 2006, as meninas que entravam grávidas na
Fundação Casa eram levadas a um abrigo assim que os bebês nasciam e lá
ficavam com os filhos por 4 meses. Após esse período, as mães voltavam
para a internação e os filhos iam para a família da menina ou para um
orfanato. Grande parte das meninas fugia e nem voltava para a Febem. A
Casa das Mães, com 12 vagas, não supre a demanda de todo o Estado, mas é
a única em São Paulo e possibilitou que os bebês fiquem com as mães até
o final da medida sócio-educativa. “Aqui é feito o pré-natal, há
acompanhamento psicológico. Os bebês são tratados no posto de saúde da
região, tomam as vacinas e não lhes faltam alimentos, roupas e
estrutura”, conta Maria Isabel Melo, diretora do Internato Feminino, que
fica no bairro da Mooca, zona leste da capital paulista. As roupas e
brinquedos chegam através de doações e, por vezes, são trazidos por
familiares das meninas. Ali, os bebês ficam 24 horas ao lado das mães. O
quarto grande é coletivo, com berços ao lado das camas. As meninas
lavam a própria roupa e a dos filhos, ajudam na comida, na limpeza e têm
oficinas de panificação, manicure e, a mais procurada, de bordado.
Maria Isabel explica que as adolescentes que chegam grávidas têm
geralmente o mesmo histórico: “O tráfico é o motivo mais comum.
Geralmente, é por amor. Elas se envolvem na vida dos companheiros e
quando elas vêm para cá, eles são presos. A maioria já tem filhos de
outros relacionamentos”, diz. Essa é a história de J., 17 anos. Há
poucos dias na unidade, está grávida de 38 semanas e conta que deixou
uma filha de 3 anos com a mãe. Esse é seu maior sofrimento. “Minha mãe
cuida bem, mas disse que não vem me visitar nem trazer minha filha,
porque preciso pagar pelo que fiz. Entrei para o tráfico porque era o
caminho mais rápido para comprar as coisas que eu queria. Mas nem de
perto é o caminho mais fácil”, diz, amadurecida pela realidade. E para o
futuro? J. faz uma pausa de silêncio enquanto mexe na longa trança de
cabelos negros: “Quero conhecer pessoas que me ajudem não com dinheiro,
mas com um ombro. Quero cuidar da minha família, dos meus filhos”. E o
pai? “O pai da minha filha é do crime. E o pai do meu filho está preso”.
Para o psicólogo Rubens Maciel, as meninas que vão para a Fundação Casa
têm a família desestruturada ou vivem em situação de miséria. “Elas
saem de casa porque o convívio com os pais e irmãos é degradante,
violento. E, não encontrando segurança em casa, vão procurar esse
carinho em um namorado que também vem de uma situação semelhante”,
explica. Por esse quadro caótico, Maciel acredita que a situação dos
bebês que nascem atrás das grades é relativa. “Se você comparar com a
rua, eles estão em uma situação melhor, porque nada falta, estão num
ambiente seguro. Mas, se comparada à situação de uma família
estruturada, eles estão em uma condição pior, porque estão privados de
liberdade por um delito cometido pela mãe”. É o caso da bebê de G. (de
18 anos), interna há 1 ano e 4 meses. “Ela está engatinhando e quer ir
para fora, vai até o portão e quer sair”, conta. O caso dela é o mais
grave entre as oito meninas que ocupam a Casa das Mães. Após alguma
resistência, conta que cometeu latrocínio, roubo seguido de morte. Ela
também estava com o marido no momento do crime e ainda tem 3 ou 4 meses
como interna para cumprir. Quando sair, pretende ir morar com a sogra no
interior e aceitar qualquer trabalho. “Não posso ficar escolhendo,
né?”, diz a adolescente. Sobre sonhos e o futuro, elas não falam. Dão
respostas vagas. O fato é que as meninas estão entrando para o crime
cada vez mais cedo. Em 2000, a idade média das internas era de 18 anos.
Hoje, as meninas “rodam” com pouco mais de 15. E descobrem, nas palavras
de J., que esse caminho é “rápido, mas nunca fácil”. Berçários e
creches nas prisões O presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou, no
fim do mês passado, uma lei que garante condições mínimas de
assistência a mães presas e recém-nascidos. O texto determina que as
penitenciárias femininas tenham berçários onde as mães possam cuidar e
amamentar os filhos até, no mínimo, 6 meses depois do nascimento. A lei
assegura ainda que haja acompanhamento médico pré-natal e pós-parto. Até
então, as detentas ficavam com os bebês até os 4 meses de vida e depois
davam para a família ou para abrigos, dependendo da situação.“Toda
mulher tem direito de ser mãe e toda criança tem direito à convivência
com essa mãe, ao carinho e ao afeto. Isso faz diferença na vida dos
dois.”
Foi realizado um café da tarde para todas as internas.
Centenas de livros a Última Pedra foram doados
E outras tipos de doações
Finalizando com orações feita pelo grupo T-Amar.
Deus continue abençoando estas voluntárias: Diz o bispo Geraldo Vilhena.
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